Moda: aliada ou inimiga do estilo?
A todo o momento, a mídia instiga a procura pela perfeição. Rostos e corpos perfeitos embalados por roupas surpreendentes estão em outdoors, programas de TV, capas de revistas, comerciais e internet.
Estereótipos são criados e povoam o imaginário daqueles que apostam, incessantemente, conseguir essa imagem humana proporcional em todas as suas formas. Brota aí um mito de que para ser admirável é preciso adotar um padrão de moda e beleza.
Para a consultora de moda, crítica e personal stylist, com conhecimento em grifes respeitável do mundo, Patrícia Zuffa, mesmo que as pessoas ambicionem seguir modas, tendências e modismos, gostam de estar com um toque pessoal. “Ironicamente, é moda ter estilo pessoal”, diz.
Segundo ela, os constrangimentos com a aparência podem ser resolvidos com um instrumento de retoque estético inconfundível e eficaz: o estilo. “É o estilo, e não a moda, que estabelece de verdade o guarda-roupa atualizado. Este é o detalhe que faz toda a diferença quando se busca um guarda-roupa inteligente”, afirma, e complementa: “Há uma grande diferença entre seguir a moda ou seguir o seu estilo”.
Quando a moda é demonstrada por um olhar determinado que está mais atento à realidade de cada pessoa, ao lifestyle de cada um, ela se torna uma ferramenta bem-sucedida na aprimoração em cada conceito e da comunicação visual. Assim, usa-se a solução de combinações inteligentes para as sugestões de tendências que podem dar um “up grade” em um look. “Pequenas alterações podem conseguir verdadeiros milagres”, afirma Zuffa, que ressalta: “O que conta mesmo é o estilo”.
O bem vestir está diretamente relacionado com um guarda-roupa inteligente, ou seja, aquele que é bem pensado e que foi racionalizado de combinação com as legítimas necessidades do seu proprietário. “Outra mítica que cai por terra é a de que para estar bem vestido é necessário usar roupas caras ou de grandes grifes. Isto é uma fantasia! Ninguém precisa desembolsar uma grande quantia em dinheiro comprando produtos de marcas famosas”, analisa.
Para o estilista Melkz-da, uma pessoa que se veste bem, é a que tem consciência do próprio corpo, avalia suas qualidades e sabe ajustar peças de roupa que as valorizem e deixem em evidencias seu estilo até mesmo dentro da moda. “Nestes acontecimentos, utilizar a ferramenta ‘moda’ de forma lógica pode promover mudanças substanciais”, diz, e afirma: “O bem vestir é muito mais uma atitude consciente e elegante seguir o estilo que você tem de verdade, essa é a pedida para está sempre bonita com bom gosto”.
Irreverente, descolada e criativa, há 15 anos nas ladeiras de Olinda, a Período fértil trabalha em cima desses conceitos. Márcia Lima e Clezinho Santos são os estilistas que estão à frente dos trabalhos, fazendo moda bem à cara da capital da cultura. O trabalho do atelier atinge um público bem diversificado. Produzem figurino para peças teatrais, cinema e musicais, explorando sempre a criatividade. Músicos como Lula Queiroga, Marisa Monte, Ortinho, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A vestem as criações da Período Fértil e saem mundo a fora divulgando a cultura olindense. Seriedade e bom gosto também fazem parte dos conceitos do atelier.
Eles dão dicas: “Se estiver acima do peso, invista em roupas com acabamento impecável, de tecido e forro de qualidade. Para saber se a peça tem esta qualidade, na hora da compra vire a roupa do oposto. Se o forro for ótimo, o caimento será perfeito”.
Para as mulheres, é permitido abusar dos contrastes de preto e branco, nunca saem de moda, pois são cores modernas e que conferem sofisticação ao look. As estampas miúdas também contribuem. “Um recurso que pode ser empregados são os colares. O acessório ajuda a alongar e emagrecer a silhueta, por isso, abuse de grandes colares completando o seu estilo”.
Já para os homens, os estilistas afirmam que a história de que eles não podem ser vaidosos já está superada. “Seja inteligente e brinque dos recursos estéticos para dar valor ao visual, como os cremes hidratantes especiais para peles masculinas e produtos finalizadores para os cabelos”.
Para os que preferem um visual esportivo, é recomenda o uso de acessórios de couro em cores naturais, como os beges e marfins. “As cores claras sempre são ultramodernas e, além disso, beneficiam a maioria das pessoas”, diz, e sugere: “Construa looks monocromáticos nas tonalidades claras”.
Quanto ao medo no quesito idade, para ser moderno e elegante não é necessário fingir que o tempo não passa, ter o corpo escultural, a pele esticada e a roupa da última tendência. É preciso saber dar valor o que se tem de melhor e curtir a passagem da estação de forma inteligente. “Quem disse que uma pele linda é aquela que não aparece nenhuma marca? Será que a verdadeira beleza não condiz justamente com as marcas que comprovam a história de uma vida única, rica em conhecimentos e emoções?”, questiona Márcia Lima, que complementa: “O valor do tempo e da experiência merecem respeito quando os assuntos são beleza, sofisticação e estilo acima de tudo”.
A universitária Raquel Emidio está sempre ligada na moda de grandes marcas adequando ao seu próprio estilo. “Já chegue a gastar quatro mil reais na última coleção da loja Colcci, a moda massifica, enquanto o estilo individualiza, eu consigo juntar os dois e ficar chic sempre nas últimas tendências do quesito moda”.
Por Hugo Ebling
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